Moradores do bairro Tributo fazem manifestação pacífica nas ruas

Na tarde deste domingo (09), um grupo de familiares e amigos de Camargo foi às ruas do bairro Tributo clamar por justiça. Quem o matou, um garoto de 16 anos, fugiu.

Último encontro
Ilza Madalena Silva Camargo, mãe de Eduardo, lembra que na sexta-feira (07) à noite, o filho chegou do trabalho às 19 horas, ajudou a arrumar a cama da avó e saiu para encontrar amigos.

O rapaz trabalhava numa madeireira havia oito meses. Instantes depois, Ilza foi chamada por moradores para socorrer o filho que estava caído na rua Antônio Ribeiro de Lima, no Tributo. “Segurei a mão dele, ele deu uma leve segurada e fechou os olhos”, diz a mãe.



As marcas de sangue na rua confirmam o trajeto que Eduardo fez pedindo por socorro à família. Ele estava em frente ao supermercado do bairro e um ex-amigo, de 16 anos, o atingiu pelas costas com duas facadas. Com os golpes, Eduardo se virou e levou a terceira facada no coração. Depois, caminhou e parou de um lado da rua, atravessou e não resistiu aos ferimentos e caiu. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 20h10min, tentou reanimar a vítima sem sucesso. Ele morreu na emergência do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres.


Autor

O pai do adolescente que matou entregou à PM a camiseta do filho com manchas de sangue, e afirmou que o filho esfaqueou Eduardo e fugiu. Ilza relata que o adolescente devia para um sobrinho e Eduardo havia comentado algo sobre o ex-amigo. Ela acredita que, por ter dívidas, o adolescente tenha descontado em Eduardo. Ilza comenta ainda que o adolescente ameaçava os moradores com faca e revólver.


Justiça


A família de Ilza pede justiça após o segundo homicídio na família. Em janeiro de 2012, o irmão dela, Paulo Edson da Silva, foi cruelmente assassinado. Mataram e o queimaram dentro da residência, ao lado da casa de Ilza. Um Boletim de Ocorrência foi registrado, porém Ilza comenta que como é irmã da vítima não serviu como testemunha.


Vítima e assassino eram amigos de infância

Um jovem tranquilo, educado, trabalhador, apaixonado por laçadas, cavalos e dedicado à família. É assim que amigos e parentes definem Eduardo Camargo.

Já os traços relatados por amigos do adolescente autor do crime são opostos: estaria envolvido com o uso de drogas,  porte de arma, e o comportamento estranho. Amigos contam que ele queria ter uma vida “louca”.


Ilza, mãe de Eduardo, comenta que os dois eram amigos havia mais de dez anos. Com pouca diferença de idade, eles se davam bem e um frequentava a casa do outro. Além disso, eram amigos de ir para a escola juntos.

Ambos compartilhavam da mesma paixão: laçadas, rodeios e cavalos. Amigos contam que nunca suspeitavam que algo assim pudesse acontecer entre os dois.




Não é a primeira


Porém, há três anos, os amigos brincavam em um açude do pai do adolescente.
“Uma pequena confusão fez com que Eduardo corresse. O pai do amigo de Eduardo viu a cena e dirigiu a camionete para cima do meu filho. Ele quebrou um braço e teve um corte na cabeça. Eu registrei Boletim de Ocorrência. Porém foi no nome do filho, ninguém teve um julgamento, ou sequer o processo teve andamento. Como sempre, ficou guardado”, lembra Ilza.



Passeata pacífica após assassinato

O pedido de socorro de Ilza Camargo se estendeu para as ruas do bairro Tributo. Ela convocou a família, amigos e vizinhos para uma passeata na tarde deste domingo (09).
Depois de ter enterrado o irmão e o filho, vítimas de homicídios, Ilza grita por justiça e diz que não vai descansar enquanto não ver os assassinos de seu irmão e do filho na cadeia.

A comoção, em meio à revolta, tomou conta das palavras de Ilza, que não admite que ninguém tenha prestado depoimento ainda. “Na hora que meu filho morreu tinha muita gente. Por que ninguém ainda foi contar? Não podemos aceitar. Está sendo difícil para mim, não desejo isso para nenhuma mãe”.

Aproximadamente 100 pessoas participaram da passeata, e todas clamaram por justiça e que o assassino seja preso. O pai de Eduardo, Acir José Camargo, puxou o cavalo que o filho cuidava com carinho. Era o companheiro das laçadas. Acir não teve forças para gritar. Ficou quieto na maior parte do tempo.

Texto: Correio Lageano - Andressa Ramos 

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