Caso inusitado: Não sabia que estava grávida e dá à luz no pronto-atendimento

O momento mais sublime na vida de uma mulher; a espera de um filho, com toda a ansiedade pelo primeiro ultrassom, por ouvir as batidas firmes de um coração que pulsa dentro do seu ventre, uma vida que se desenvolve lentamente. 


Se pegar imaginando cada traço, cada sorriso, e mal poder esperar pelo momento de tê-lo em seus braços, se vai ser saudável e perfeito, se vai parecer mais com o pai ou com a mãe, a escolha carinhosa de cada peça do enxoval.  Todas essas emoções não foram vividas por Bruna Nunes de Oliveira. Ela, por não saber da gravidez, levava uma vida normal de uma jovem de 19 anos. 
Mas a manhã desta terça-feira, dia 29 de setembro, ficará marcada em sua vida para sempre. Ela deu à luz a um menino, após ser atendida no pronto-atendimento Tito Bianchini, por volta das 6h.
A jovem chegou à unidade acompanhada da sua mãe queixando-se de dores abdominais, que supostamente seria uma infecção urinária, segundo suas suspeitas, pois apresentava este sintoma acrescido de corrimento vaginal a cerca de uma semana. Prontamente foi atendida pela equipe médica. Ao examiná-la, a surpresa, tanto para Bruna quanto para a equipe: o bebê já estava a caminho.
O parto foi tranquilo, sem muitas dores e sofrimento por parte da gestante, e durou cerca de cinco minutos a partir do momento em que as contrações se intensificaram e o pequeno rebento veio ao mundo, com toda vitalidade de um menino saudável, nascendo de 39 semanas (uma gestação normal dura entre 38 e 40 semanas). “Ela realmente não sabia que estava grávida, mas sentia que havia algo de ‘errado’ com ela e não iria sair sem melhorar. 
Estava muito nervosa. Antes de vir para o PA teve perda líquida, mas não nos contou, então foi uma grande surpresa quando fomos examiná-la e vimos que a criança já estava nascendo. Muito bem formada, chorou logo em seguida, altiva e saudável”, conta o médico, Lucas Fachin.
Após o parto, a limpeza da mãe e o aquecimento do bebê, Bruna foi encaminhada à Maternidade Tereza Ramos por uma ambulância do pronto-atendimento, acompanhada por uma enfermeira, onde teve todos os cuidados necessários no Centro Obstétrico e o repouso no quarto.
Depois do susto, a felicidade foi chegando devagarinho, até se tornar um amor maternal. “Primeiro foi um choque, fiquei muito assustada, mas agora tenho consciência de que é uma criança que depende de mim e com certeza vou amá-la”, diz emocionada. O pequeno ganhou roupinhas, doadas pelo próprio hospital nesses casos de emergência ou para mães em estado social vulnerável, e já tem um nome. “Sempre sonhei em ter um menino que se chamaria Jhony, e esse vai ser seu nome”, diz Bruna, que já é mãe de Nataly, de apenas dois anos.
O inesperado
Rose Cristina Possato Penso
Bruna, moradora do bairro Boqueirão, conta que tomou injeções anticoncepcionais trimestrais nos últimos seis meses e não sentiu nenhum enjoou ou algum sintoma característico de gravidez.
 Levava sua vida normalmente, trabalhando como balconista em uma panificadora e cuidando da sua filha Nataly. Como estava um pouco acima do peso, não percebeu a barriga saliente. Chegou a desconfiar, mas ao fazer o exame Beta HCG, utilizado na confirmação de gravidez, há dois meses, o resultado foi negativo (especialistas afirmam que se o exame é realizado ao final da gestação, normalmente não acusará).  
O médico afirma que este é um dos métodos contraceptivos mais seguros, mesmo assim há riscos de uma gravidez inesperada acontecer. “São casos raros. Dados da medicina apontam que seria uma a cada três mil mulheres em situações como esta. Existe até um programa no canal Discovery Mulher chamado ‘Eu não sabia que estava grávida’, com relatos de mães que passaram por esta experiência, alheias à sua gravidez durante os nove meses e tomaram um susto na hora do parto”, aponta Lucas
Missão cumprida
Bruna Nunes de Oliveira
Após o parto, sem complicações, e a constatação de que se tratava de uma criança saudável e uma mãe bem assistida, uma sensação de missão cumprida se abateu sobre a equipe do PA. 
O diretor do pronto-atendimento, Raphael Cascaes, comenta que a unidade não é referência para atendimentos às gestantes, mas em qualquer situação emergencial é o primeiro local a ser procurado pela população, que será atendida emergencialmente e encaminhada.
  “Por estarmos 24h por dia de portas abertas estamos sempre preparados para este tipo de acontecimento. Ficamos felizes por termos uma boa equipe, pois estamos aqui para atender a população da melhor maneira possível. É o nosso objetivo que está sendo concretizado. Mais uma paciente atendida e sendo salva, marcando a história do Tito Bianchini”, diz.
A secretária de Saúde, Rose Cristina Possato Penso, foi surpreendida com a notícia e satisfeita com o bom atendimento. “Nosso pronto-atendimento não é a maior instituição, mas está sempre de portas abertas para toda e qualquer situação. Diariamente atendemos pessoas com os mais diversos sintomas, desde simples dores de cabeça ou até suspeitas de infarto e problemas clínicos graves. Mas às vezes somos surpreendidos por boas notícias, como hoje, com uma jovem mãe tendo o seu bebê”, diz.

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