Onde o vento será mais intenso? Quando deve ventar? E qual pode ser a velocidade das rajadas?
O ciclone começou a se formar no Oeste do Rio Grande do Sul no início do dia e deve se intensificar ao longo das próximas horas, trazendo chuva localmente forte e rajadas de vento que tendem a ganhar força até o final do dia. Embora o sistema seja profundo mesmo sobre o continente — com pressão devendo cair abaixo de 990 hPa ainda em terra — é importante reforçar que, apesar de significativo, não se trata do ciclone mais intenso em muitos anos, como tem sido divulgado de forma equivocada em redes sociais. A pressão atmosférica muito baixa, embora relevante, não é o único fator que gera vento extremo. A diferença de pressão entre o centro do ciclone e áreas de alta pressão costuma ser o principal motor para ventos muito fortes. Por isso, em situações de inverno com massas de ar frio e centros de alta pressão intensos, os ventos podem ser até mais fortes do que os previstos agora, mesmo com ciclones de pressão mais alta.
O centro do ciclone, que na manhã desta terça estava no Oeste gaúcho, deve avançar para a região da Grande Porto Alegre, Norte da Lagoa dos Patos e Litoral Norte entre o fim da terça e o começo da quarta, intensificando o vento. O modelo europeu projeta pressão de 985 hPa no centro do sistema na noite desta terça, no Norte da Lagoa dos Patos, e cerca de 982 hPa no início da quarta, quando o ciclone deve estar muito próximo da costa, pouco a leste do extremo Sul do Litoral Norte. Esses valores de pressão ao nível do mar são extremamente baixos para a região. Para Porto Alegre, o modelo chega a indicar pressão ao redor de 990 hPa — abaixo de registros históricos de 993 hPa e 994 hPa.
Como consequência, o vento deve se intensificar entre o final da terça e a quarta-feira no Sul e no Leste do estado, com risco de impactos especialmente na rede elétrica.
ONDE E QUANDO O CICLONE VAI GERAR VENTO MAIS FORTE?
Os dados indicam ventos associados ao ciclone entre 40 e 60 km/h em grande parte do Rio Grande do Sul, mas o Sul e o Leste do estado devem sentir os efeitos mais severos, com rajadas de 80 a 100 km/h em muitos municípios e possibilidade de pontos isolados superando os 100 km/h. Segundo os últimos modelos, que mostram boa concordância, as áreas com maior probabilidade de rajadas próximas ou acima dos 100 km/h incluem as águas abertas da Lagoa dos Patos e regiões costeiras do Litoral Médio, especialmente Mostardas.
Também pode ventar muito forte em áreas do Litoral Norte e no setor Norte da Lagoa dos Patos, como o extremo Sul de Porto Alegre, Sul de Viamão, Palmares do Sul e Capivari do Sul. Embora haja rajadas fortes a muito fortes, a faixa mais ao Sul do litoral — entre o Chuí e Rio Grande — não deve registrar valores tão altos quanto áreas mais ao Norte.
Atenção é recomendada para municípios da faixa costeira e entorno da Lagoa dos Patos, incluindo: Rio Grande, Pelotas, São Lourenço do Sul, São José do Norte, Turuçu, Mostardas, Arambaré, Camaquã, Cristal, Tapes, Barra do Ribeiro, Guaíba, Porto Alegre, Viamão, Tavares, Palmares do Sul, Capivari do Sul, Balneário Pinhal, Cidreira, Osório, Tramandaí, Imbé, Xangri-lá, Capão da Canoa, Arroio do Sal e Torres. Nessas localidades, são esperadas rajadas entre 60 e 80 km/h, embora nem todas devam alcançar intensidades mais altas (80–100 km/h ou mais de 100 km/h).
Porto Alegre e áreas ao Sul da Região Metropolitana — posição mais exposta por estarem no setor Norte da Lagoa dos Patos — podem registrar vento muito forte. A previsão indica que, na maior parte da capital, as rajadas devem variar entre 60 e 75 km/h, podendo ser mais intensas em áreas com influência de relevo (morros ou corredores entre prédios). No entanto, no extremo Sul da cidade e nas proximidades do Guaíba, rajadas de 80 a 100 km/h são possíveis, com chance de valores superiores.
Cidades do Norte da Região Metropolitana, como as do Vale do Sinos, geralmente sofrem menor impacto de ventos em ciclones.
O vento deve começar a aumentar no Litoral Norte e no Norte da Lagoa dos Patos no fim da tarde e noite desta terça, avançando pela Lagoa no sentido Sul devido ao giro horário do ciclone. Na quarta-feira, o movimento da baixa pressão deve fazer o vento avançar de Sul para Norte ao longo da Lagoa e do litoral, atingindo intensidade máxima na madrugada e manhã nas áreas mais ao Sul, e durante a tarde nas mais ao Norte. A chuva acompanha o sistema, podendo ser forte em alguns momentos.
Em Santa Catarina, são esperados ventos de 50 a 70 km/h em várias regiões. No Planalto Sul, especialmente próximo à Serra e aos morros da Grande Florianópolis, rajadas acima de 100 km/h podem ocorrer na área de Bom Jardim da Serra. No Leste do Paraná, rajadas entre 70 e 90 km/h, com pontos isolados ainda mais fortes próximo à Serra do Mar. Situação semelhante é prevista para o Leste de São Paulo e o Sul de Minas Gerais.
QUANDO O CICLONE SE AFASTA E O VENTO PERDE FORÇA?
O ciclone deve se afastar rapidamente do continente na quinta-feira, mas ainda podem ocorrer rajadas próximas à costa gaúcha nas primeiras horas do dia. Com o sistema se deslocando para o mar, o vento tende a diminuir ao longo da quinta-feira, ficando fraco a moderado na maior parte do Rio Grande do Sul. Nas áreas elevadas de Santa Catarina, no Leste de São Paulo e no Sul de Minas, ainda pode ventar moderado a forte em parte do dia, com tendência de enfraquecimento gradual entre a tarde e a noite.

Comentários